Sérgio Marques: "As nossas expectativas estão mais altas do que muitos possam pensar!"
- filipedspardal9
- Nov 1
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No arranque da época 3 uma das equipas em maior foco, devido a uma preseason muito bem conseguida, são os Miami Heat, liderados por Sérgio Marques. Com um core jovem e agora liderado por Jayson Tatum, Jamal Murray e Aaron Gordon, é a primeira vez depois de um tanking agressivo em que há esperança num acesso ao playoff para a equipa de South Beach. O GM acompanha o otimismo que se vive entre a massa adepta, e vai ainda mais longe. Sem descurar que qualquer jogador pode ser trocado, Sérgio Marques mostra-se estruturado e feliz com o presente e o futuro da equipa.

Filipe Pardal - Boa tarde, Sérgio Marques, um dos GMs clássicos do ChampNBA, obrigado por ter aceitado dar esta entrevista. Isto numa época em que as expectativas para Miami estão moderamente altas depois de um Free Agency Period bem conseguido. Trouxe Tatum, Murray e também... Vukcevic! Depois do podcast e da revista, quais são as suas expectativas?
Sérgio Marques - Boa tarde, antes de mais, muito obrigado por se terem lembrado dos Heat! As nossas expectativas estão mais altas do que muitos possam pensar, e estamos constantemente à procura de melhorar não só o roster, mas também as nossas táticas.
Nesta época estamos muito mais focados nos pormenores e em aprender verdadeiramente com os erros e estratégias das épocas anteriores. Acredito que o reflexo disso foi o nosso FAP — que, olhando agora para trás, poderia naturalmente ter sido melhor, mas dentro das circunstâncias considero que foi bastante positivo.
Conseguimos boas peças, não só para usar já de início, mas também com potencial valor em eventuais trocas. Tatum, Murray e Gordon são as principais referências, mas também o Grimes e o Simons parecem-me excelentes aquisições, tanto pelo ordenado como pela competitividade do FAP.
Quanto ao Vukcevic, foi uma escolha muito comentada, surgiu numa tier em que tive pouquíssimo tempo para analisar, e confesso que havia algum receio de acabar sem um C viável.
FP - Quando diz que as expectativas estão mais altas do que se pode pensar, o que está a dizer concretamente, Heat no top 6 da conferência? E, permita-me juntar duas perguntas numa só, Tatum pode não acabar a época no seu roster?
SM - Sim, esse continua a ser o nosso objetivo principal — embora, claro, não o encaremos como uma completa desilusão se não acontecer. Mas sim, o top 6 é o foco.
Em relação ao Tatum, não há qualquer pressa para que saia, independentemente do ordenado. Na verdade, ele ainda nem fez um jogo competitivo por nós. É importante lembrar que estamos a falar do MVP [das finais] da época passada, por isso ele só sairá se for por algo que realmente nos traga vantagem imediata ou a curto prazo.
O salário elevado também torna mais difícil qualquer negócio, já que nem todas as equipas conseguem fazer o match de ordenados. Portanto, o Tatum não está propriamente no mercado — mas, como sempre, estamos abertos a ouvir propostas por qualquer jogador, desde que faça sentido para a equipa.
FP - No final da época passada acabou por abrir mão de alguma da juventude que tinha no roster para apostar no imediato. Esse é o principal motivo de apreensão dos adeptos de south beach uma vez que esse imediato pode ser "apenas" um top 6. Qual é a sua visão para nos próximos 2/3 anos ser candidato?
SM - Sim, abdicámos de algumas peças e, não fosse o caso “Vukcevic”, teríamos conseguido o Grimes, o Simons e ainda outro jogador de excelente valia com o boost no nosso CAP. No fim, acabou por ser apenas o Vukcevic — mas sinceramente, acho que o nosso FAP não teria sido tão forte de outra forma. O Tatum sairia sempre pelos valores que acabou por sair, e dificilmente teríamos conseguido juntar role players de tanta qualidade.
Os jogadores que cedemos não teriam espaço nem no cinco inicial nem na rotação, e já tínhamos em vista alguns jovens preparados para serem segundas e terceiras opções, como o Buzelis e o Jakobe. Agora, com a chegada de rookies como o Fears e, obviamente, o Ace Bailey — em quem acreditamos muito — o nosso núcleo ficou ainda mais interessante.
Como já é público, temos uma troca em curso onde receberemos o Clingan, que considero uma excelente adição, sobretudo para um roster como o nosso, que precisava claramente de um C. Admito sem problema que poderíamos estar hoje numa posição tão boa ou até melhor se não tivesse feito aquela troca, mas isso faz parte do jogo e das decisões estratégicas.
Olhando para as próximas duas ou três épocas, acredito que temos vários jogadores com margem de evolução imediata — Fears, Ace Bailey, Buzelis e potencialmente o Clingan. E o melhor de tudo: conseguimos isto mantendo intacto o nosso cinco inicial e ainda com várias 1st picks guardadas.
FP - Falou do núcleo jovem, a que se vai juntar Clingan no dia 30, e isso dá-lhe de facto margem para ou fazer negócios, ou colocar minutos nas pernas dos atletas para os fazer evoluir. Qual vai ser a opção? Não teme que se não definir bem o objetivo ss possa perder no meio da indefinição?
SM - Sim, essa será sempre uma possibilidade — e vamos adaptando a nossa estratégia consoante o rumo da época — mas, para já, não está minimamente nos nossos planos oferecer minutos “grátis” a jogadores que não estejam a render ou que apenas precisem deles para evoluir. Não temos essa necessidade neste momento.
Também não temos jogadores em final de contrato com quem estejamos a planear renovar, por isso o foco está totalmente no presente, sem perder de vista o futuro. A ideia é continuar a melhorar a equipa de forma sustentável, ano após ano, sempre de acordo com o contexto competitivo.
Na época passada o foco foi claro: o tanking e o FAP, porque era a única forma realista de dar uma volta completa ao marasmo em que os Heat se encontravam. Agora, entrámos numa nova fase — mais madura, mais estratégica e pronta para competir com ambição.
FP - Parece-nos que Miami está mesmo a caminhar para uma fase de maior clarividência, mas a concorrência é grande. Para si, e olhando para a liga, quais são os principais candidatos ao título e porquê?
SM - Sim, penso que sim — e espero sinceramente que tudo isto se comece a refletir em vitórias. Os candidatos, na minha opinião, são os crónicos da última época, principalmente. Vai ser interessante ver como os Bulls se reorganizam, trocando o Sengun por algum jogador para fazer dupla com um monstro como o Wemby. Estou curioso para ver quem o GM deles vai tentar encaixar no cinco inicial para o apoiar, e em que posição.
Os Grizzlies também estarão certamente na luta — muito por mérito do seu GM, que tem enorme experiência e sabe construir equipas consistentes. Os Spurs destacam-se pela sua capacidade defensiva, embora talvez lhes falte alguma profundidade no banco; ainda assim, acredito que podem ser a grande surpresa e ir bastante longe.
Não posso deixar de mencionar os Celtics, que tiveram uns ótimos TCs e conseguiram melhorar bastante nesse processo. E claro, os Sixers e os Knicks, que praticamente não mexeram nas suas bases, continuam fortíssimos e serão sempre candidatos a lutar por um bom percurso nos playoffs. Acho que esta temporada se vai decidir em pormenores — em todas as rondas, tal como vimos no ano passado e na Super Cup desta época.
FP - Permita-nos entrar aqui numa ronda de maior descontração... preferia ser campeão este ano contra todas as probabilidades, mas isso significaria que tinha de tankar nos próximos 5 anos ou ouvir o Filipe Ferreira e o Renato Mendes a fazer pouco do Vukcevic durante 4 anos, todos os dias, mas ser campeão daqui a 5?
SM - Que grande questão — e bastante pertinente! Agora que ando a seguir os podcasts todos em direto, ainda se torna mais difícil responder com convicção...
Ambas as hipóteses seriam horríveis, mas se tivesse de escolher (ouvir o Filipe ainda vai... agora o Renato...), preferia ser campeão já nesta época. Passar de uma equipa com o pior registo, mesmo que em modo tanking, para campeã seria um feito épico — utópico até!
Também espero, sinceramente, começar a ouvir falar do Vukcevic cada vez menos ao longo da época — seria um ótimo sinal! E olha, tankar nos próximos cinco anos também não seria o fim do mundo… significaria que tínhamos garantido uns quantos rookies de topo pelo caminho!
FP - Qual é o seu 5 inicial ideal do ChampNBA? Inclua Coach e GM.
SM - Decidi escolher um treinador de quem realmente gosto na vida real — alguém que sabe o que faz e que provou isso ao ser campeão do Champ na última temporada. Coincidência ou não, o GM que levanta o troféu também é o mesmo que levanta a fasquia.
Coach: Joe Mazzulla
GM: Pedro Lança
Em termos de 5 inicial vai ser bastante complicado e com certeza bastante injusto mas aqui vai:
PG: Doncic; SG: Shai (embora PG de raiz, tenho de o incluir); SF: Tatum; PF: Wembanyama; C: Embiid
FP - Muito obrigado desde já pela disponibilidade e pela ótima entrevista que nos permitiu conhecer melhor os seus Miami e as intenções presentes e futuras. Para terminar gostavamos de o ouvir sobre o ChampNBA, o que acha dos recentes upgrades e eventuais sugestões e melhorias para o futuro?
SM - Eu é que agradeço, não só pela entrevista, mas também pelo tempo e dedicação — sobretudo ao Filipe — por fazer com que, cada vez mais, sintamos que estamos num ambiente verdadeiramente organizado e estruturado.
Pegando nessa última parte, as recentes atualizações tornaram o simulador ainda melhor: mais otimizado, mais intuitivo e mais equilibrado para todos. Isso faz com que cada GM leve o jogo mais a sério, e penso que é exatamente por isso que se tem repetido tantas vezes que já não há equipas propriamente “fracas”. Isto acontece porque todos os GMs estão realmente envolvidos.
Neste momento, com a nova Área do GM no site, penso que está tudo muito bem organizado e funcional. Honestamente, não tenho qualquer crítica ou sugestão que considere que fizesse grande diferença na experiência atual dos GMs.
Fundamentalmente, um trabalho fenomenal — e impressionante chegar apenas à terceira época já com esta evolução toda.
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Miami Heat chega ao top 6?
Sim!
Não, mas vai ao playin
Não e não vai aos playoffs



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